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  • Terça-Feira – 10 de Março – Efeitos que em nós produz a divina graça

    Infinitus thesaurus est hominibus; quo qui usi sunt, participes facti sunt amicitiae Dei – “Ela é um tesouro infinito para os homens; do qual os que usaram têm sido feito participantes da amizade de Deus” Sumário. Porque havemos de ter inveja dos grandes do mundo? Se estamos na graça de Deus, participamos da sua própria natureza; somos, por assim dizer, um com Ele e de momento a momento podemos adquirir tesouros imensos de merecimentos para a eternidade. A nossa alma é então tão bela aos olhos do Senhor, que põe nela a sua complacência. Tudo isto Jesus Cristo no-lo mereceu pela sua Paixão; e por isso devemos prestar-Lhe contínuas ações de graças. I. No dizer de Santo Tomás de Aquino, o dom da graça é superior a todos os dons que uma criatura possa receber, porque a graça é a participação da própria natureza de Deus. Já antes tinha São Pedro dito o mesmo: Ut per haec (promissa) efficiamini divinae consortes naturae (1) ― “Para que por elas (as promessas) vos torneis participantes da natureza divina”. Tal é a dignidade que Jesus Cristo nos mereceu pela sua paixão: Ele nos comunicou o mesmo resplendor que recebeu de Deus (2). Numa palavra, quem está na graça de Deus, forma, de certo modo, uma pessoa com Deus: Unus spiritus est (3) ― “É um espírito com Ele”. E, como disse o Redentor, na alma que ama a Deus, vem habitar a Santíssima Trindade: Ad eum veniemus, et mansionem apud eum faciemus (4) ― “Viremos a ele, e faremos nele morada”. É tão bela aos olhos de Deus a alma em estado de graça, que Ele próprio lhe faz o elogio: Como és formosa amiga minha, como és formosa! (5) Parece que Deus não pode apartar dela os olhos, nem cerrar os ouvidos a nenhum dos seus pedidos: Oculi Domini super iustos, et aures eius ad preces eorum (6) ― “Os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos abertos aos rogos deles”. Dizia Santa Brígida que nenhum homem poderia ver a beleza de uma alma na graça de Deus, sem morrer de alegria. E Santa Catarina de Sena, tendo visto uma alma assim, afirmou que de boa mente daria a vida para que nunca aquela alma perdesse tamanha beleza. Por isso a mesma Santa beijava a terra que os sacerdotes pisaram, pensando que pelo seu ministério as almas eram colocadas na graça de Deus. Além disso, que tesouros de merecimentos não pode ajuntar a alma em estado de graça! Cada instante pode adquirir uma glória eterna, porquanto, como diz Santo Tomás, qualquer ato de amor produzido pela alma merece um paraíso aparte. Porque temos então inveja dos grandes do mundo? Estando na graça de Deus, podemos adquirir continuamente grandezas muito mais altas no céu. II. A paz de que ainda na terra goza a alma em estado de graça, só pode ser compreendida por aquele que a provou: Gustate et videte, quoniam suavis est Dominus (7) ― “Provai e vede quão suave é o Senhor”. Não pode deixar de ser cumprida a palavra do Senhor: Gozam muita paz os que amam a divina lei (8). A paz do que vive unido com Deus, excede todas as doçuras que nos podem advir dos sentidos ou do mundo: Pax Dei quae exsuperat omnem sensum (9). Ó meu Jesus, Vós sois o bom pastor que se deixou matar para nos dar a vida, a nós, vossas ovelhas. Quando eu fugia de Vós, não deixastes de correr atrás de mim e de me procurar; recebei-me, agora, que Vos procuro e que volto arrependido a vossos pés. Restitui-me a graça, que miseravelmente perdi por minha culpa. De todo o coração me arrependo e quisera morrer de dor, quando penso nas inúmeras vezes que Vos voltei as costas. Perdoai-me pelos merecimentos da morte cruel que por mim padecestes na cruz. Prendei-me com os doces laços do vosso amor e não permitais que outra vez me afaste de Vós. Dai-me forças para sofrer com paciência todas as cruzes que me envieis, visto ter merecido as penas eternas do inferno. Fazei que abrace com amor os desprezos que me possam vir dos homens, visto ter merecido estar eternamente sob os pés dos demônios. Fazei, numa palavra, com que obedeça em tudo às vossas inspirações e vença, por vosso amor, qualquer respeito humano. ― Resolvido estou a servir de hoje em diante somente a Vós. Digam os outros o que quiserem; eu quero amar somente a Vós, meu Deus amabilíssimo, só a Vós quero agradar; mas dai-me o vosso auxílio sem o qual nada posso. Amo-Vos, † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas, de todo o coração, e confio em vosso Sangue. ― Maria, minha esperança, ajudai-me com as vossas orações. Glorio-me de ser vosso servo, e vós vos gloriais de salvar os pecadores que a vós recorrem; socorrei-me, pois, e salvai-me.

  • Segunda-Feira - 09 de Março – Como devemos preparar-nos para a morte

    Dispone domui tuae, quia morieris tu et non vives – “Dispõe de tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38, 1) Sumário. A experiência prova que morrem felizmente os que, no último momento, estão já mortos para o mundo, isto é, desligados dos bens de que nos deve separar a morte. É, pois, preciso que desde já aceitemos a privação dos bens, a separação dos parentes e de todas as coisas da terra, lembrando-nos que, se não o fizermos voluntariamente agora, necessariamente teremos de o fazer na morte, mas com risco da salvação eterna. Quem ainda não escolheu um estado de vida, tome aquele que houvera querido escolher na hora da morte. I. Diz Santo Ambrósio que morrem felizmente os que, no tempo da sua morte, estão já mortos para o mundo, isto é, desligados daqueles bens de que forçosamente os deve separar a morte. Mister, pois, se torna que desde já aceitemos a privação dos bens, a separação dos parentes e de todas as coisas da terra. Se não fizermos isto voluntariamente durante a vida, seremos forçados a fazê-lo na morte, mas então com extrema dor e com risco da salvação eterna. A este propósito observa Santo Agostinho que, para morrer em paz, é vantajosíssimo pormos em ordem durante a vida os negócios temporais, fazendo desde já a disposição dos bens que é preciso deixar, a fim de não termos de nos ocupar então senão da nossa união com Deus. — Naquela hora convém que só se fale em Deus e no paraíso. Os últimos momentos da vida são demasiadamente preciosos para serem desperdiçados em pensamentos terrestres. É na morte que se acaba a coroa dos escolhidos, porque é então que se recolhe a maior soma de merecimentos, aceitando os sofrimentos e a morte com resignação e amor. Semelhantes sentimentos, porém, não os poderá ter na morte quem não os tiver excitado durante a vida. Com este fim, pessoas devotas têm por hábito renovarem todos os meses a protestação da boa morte com os atos cristãos de fé, esperança e caridade, com a confissão e comunhão, como se já estivessem no leito de morte, próximas a saírem deste mundo. Oh, como esta prática nos ajudará a caminharmos bem, a nos desprendermos do mundo e morrermos de boa morte! Beatus ille servus, quem, cum venerit dominus eius, inveniet sic facientem (1) — “Bem- aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, encontre a fazer isto.” Quem espera a toda a hora a morte, ainda que esta venha subitamente, não pode deixar de morrer bem. Ao contrário, o que se não faz na vida, é dificílimo fazê-lo na morte. — A grande serva de Deus, irmã Catarina de Santo Alberto, da ordem de Santa Teresa, estando para morrer, gemia e dizia: Minhas irmãs, não é o medo da morte que me faz gemer, porque há vinte e cinco anos que a estou esperando, gemo por ver tantas pessoas iludidas, que vivem no pecado, e esperam, para se reconciliarem com Deus à hora da morte, em que eu com dificuldade posso pronunciar o nome de Jesus. Examina-te, meu irmão, e vê se tens o coração apegado a alguma coisa terrestre: a alguma pessoa, a algum posto, a alguma casa, a alguma riqueza, a alguma sociedade, a alguns divertimentos, e lembra-te que não és eterno. Tudo terás de deixar um dia, e talvez em breve. Porque queres então ficar agarrado a esses objetos com risco de morreres cheio de inquietações? Oferece desde já tudo a Deus, estando disposto a privar-te de tudo, quando Lhe agradar. Se não tens ainda escolhido o estado de vida, toma o que na hora da morte quiseras ter escolhido e que te deixará morrer mais contente. Se já o escolheste, faze agora o que então quiseras ter feito no teu estado. Faze como se cada dia fosse o último de tua vida e cada ação a última que praticas: a última oração, a última confissão, a última comunhão. Imagina, numa palavra, a cada hora que já estás no leito da morte, ouvindo a intimação: proficiscere de hoc mundo — “parte deste mundo”, e por isso repete muitas vezes a protestação para a boa morte, dizendo: Ó meu Deus, só poucas horas me restam; nelas vos quero amar quanto possa na vida presente, para mais Vos amar na outra. Pouco tenho que Vos oferecer; ofereço-Vos os meus padecimentos e o sacrifício da minha vida, em união com o sacrifício que Jesus Cristo Vos ofereceu por mim na cruz. Senhor, as penas que sofro são poucas e leves em comparação com as que mereci; tais como são, aceito-as em testemunho do amor que Vos tenho. Resigno-me a todos os castigos que me queirais infligir nesta vida e na outra, contanto que Vos possa amar na eternidade. Castiga-me tanto quanto Vos aprouver, mas não me priveis do vosso amor. Sei que não merecia mais amar-Vos, por ter tantas vezes desprezado o vosso amor; mas Vós não podeis repelir uma alma arrependida. Pesa-me, ó meu supremo Bem, de Vos haver ofendido. Amo-vos de todo o coração e em Vós ponho toda a minha confiança. A vossa morte, ó Redentor meu, é a minha esperança. Deposito a minha alma em vossas mãos chagadas. - Maria, minha querida Mãe, socorrei-me nesse grande momento. Desde já vos entrego o meu espírito: dizei a vosso Filho que se apiede de mim. A vós me recomendo, livrai-me do inferno.

  • Quinta-Feira – 05 de Março – Quanto Jesus deseja unir-se conosco na santa Comunhão

    Desiderio desideravi hoc Pascha manducare vobiscum, antequam patiar– “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antesque padeça” (Lc 22, 15) Sumário. Nenhuma abelha esvoaça com tanta avidez sobre as flores para lhes sorverem o mel, como Jesus vai morar nas almas que o desejam. Eis porque no Evangelho nos convida tantas vezes a que nos Aproximemos dele na santa Comunhão. Faz tantas promessas e tantas ameaças, para manifestar o grande desejo que tem de unir-se conosco. Que ingratidão, pois, se não correspondemos a tão grande amor!I. Jesus Cristo chama hora sua a noite em que devia começar a sua paixão. Mas como é que pode chamar uma hora tão funesta a sua hora?É porque foi a hora por ele almejada em toda a sua vida, visto que havia determinado que naquela noite havia de nos deixar a santa Comunhão, destinada a consumar a sua união com as almas diletas, pelas quais devia em breve dar o sangue e a vida. Eis aqui o que naquela noite Jesus disse a seus discípulos: Desiderio desideravi hoc pascha manducare vobiscum ―«Tenho desejado ansiosamente comer esta Páscoa convosco». Palavra pela qual o Redentor nos quis dar a entender o desejo ansioso que tinha de unir-se conosco neste santíssimo Sacramento de amor: desiderio desideravi ― «desejei ansiosamente»; estas palavras, diz São Lourenço Justiniani, saíram do Coração de Jesus abrasado em imenso amor.Ora, a mesma chama que então ardia no Coração de Jesus, ainda está ardendo ali até ao presente; e a todos nós renova o convite feito então aos apóstolos de o receberem: Accipite et comedite, hoc est corpus meum (Mt 26, 26) ― «Tomai e comei: isto é o meu corpo». Além disso, para atrair-nos a recebê-lo com amor, promete o paraíso: Qui manducat meam carnem, habet vitam aeternam (Jo 6, 55) ― «Quem como a minha carne, tem a vida eterna». No caso contrário ameaça-nos com a morte eterna: Nisi manducaveritis carnem Filii hominis, non habebitis vitam in vobis (Jo 6, 54) ― «Se não comerdes a carne do Filho do homem, não tereis a vida em vós».Estes convites, estas promessas, estas ameaças nasceram todas do desejo que tem Jesus Cristo de se unir conosco na santa comunhão, e este desejo nasce do amor que nos tem. «Não há abelha», disse um dia o Senhor a Santa Matilde, «que com tanta avidez esvoace sobre as flores para lhes sorver o mel, como eu anseio entrar nas almas que me desejam». Porque Jesus nos ama, quer ser amado de nós, e porque nos deseja seus, quer ser desejado, como diz São Gregório: Sitit sitiri Deus. Bem-aventurada a alma que se aproxima da mesa da comunhão com grande desejo de se unir a Jesus Cristo! Adorável Jesus meu, não podeis dar-nos maiores provas de amor par anos fazer compreender quanto nos amais. Destes vossa vida por nós; ficastes no Santíssimo Sacramento, para que venhamos aí alimentar-nos de vossa carne, e quão grande desejo tendes que Vos recebamos! Como podemos ser sabedores de tantas finezas de vosso amor, sem ficarmos abrasados no vosso amor? Longe de mim, afetos terrenos, saí de meu coração; vós é que me impedis de arder por Jesus como ele arde por mim. Ó meu Redentor, que outros testemunhos de afeto posso eu ainda esperar, depois dos que me tendes dado? Por meu amor sacrificastes a vossa vida inteira; por meu amor abraçastes uma morte tão amarga e ignominiosa; por meu amor chegastes, por assim dizer, a aniquilar-Vos, reduzindo-Vos na Eucaristia a estado de alimento, para Vos dardes todo a mim. Ah, Senhor! não permitais que eu seja ingrato a tão grande bondade. Graças vos dou pelo tempo que me concedeis para chorar minhas ingratidões e Vos amar. Arrependo-me, ó soberano Bem, de ter tantas vezes desprezado o vosso amor. Amo-Vos, ó Bondade infinita; amo-Vos, ó Tesouro infinito; amo-Vos, ó Amor infinito, digno de infinito amor. + Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Por piedade, ajudai-me, ó meu Jesus, a banir do meu coração todos os afetos que não são para Vós, para que daqui por diante não deseje, não busque e não ame senão a Vós. Meu amado Redentor, fazei com que eu Vos ache sempre e sempre Vos ame. Apoderai-Vos de toda a minha vontade, para que queira somente o vosso beneplácito. Meu Deus, meu Deus, a quem então amarei, se não amo a Vós em quem se encontram todos os bens? Só a Vós quero, e nada mais. Ó Maria, minha Mãe, tomai meu coração e enchei-o de perfeito amor a Jesus.

  • Quarta-Feira – 04 de Março – Contas que terá de dar a Jesus Cristo quem não segue a vocação

    Auferetur a vobis regnum Dei, et dabitur genti facienti fructus eius – “Ser- vos-á tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que faça os frutos dele” (Mt 21, 43) Sumário. Avivemos a nossa fé. A graça que o Senhor nos concedeu chamando-nos a viver em sua casa é muito mais excelente do que se tivesse chamado a sermos rei do reino mais extenso da terra. Quanto maior, porém, a graça, tanto mais o Senhor se irritará contra nós, se não Lhe tivermos correspondido; tanto mais rigoroso será o vosso julgamento no dia das contas. Ai de nós, se não obedecermos à chamada divina, ou se por nossa culpa perdermos a vocação!I. A graça da vocação ao estado religioso não é uma graça ordinária; elaé muito rara e Deus a poucos a concede: Non fecit taliter omni nationi(1) — “Não fez assim a todas as nações”. Oh! Esta graça de ser chamadoà vida perfeita e a ser doméstico de Deus em sua casa, quanto é superior à de ser chamado a ser rei do reino mais extenso do mundo! Pois, que comparação pode haver entre um reino temporal na terra e o reino eterno do céu?Quanto maior, porém a graça, tanto mais o Senhor se irritará contra quem não lhe tiver correspondido, e tanto mais rigoroso será o seu julgamento no dia das contas. Se um rei chamasse um pastorzinho para seu palácio, a fim de o servir entre os nobres de sua corte, quão grande não seria a indignação daquele príncipe, se o súdito recusasse o seu favor, para não deixar o seu pobre redil e o seu pequeno rebanho?Deus bem conhece o preço das suas graças; por isso castiga rigorosamente àquele que as despreza. Ele é o Senhor: quando chama, quer ser obedecido, e obedecido prontamente; pelo que, quando com a sua luz chama uma alma à vida perfeita, e esta não corresponde, priva-a de sua luz e abandona-a no meio das trevas. Oh! Quantas almas desgraçadas veremos reprovadas no dia do juízo, porque não quiseram obedecer à voz de Deus!II. Agradece portanto ao Senhor, ter-te convidado a segui-Lo; mas treme, se não correspondes à graça. Chamando-te Deus a servi-Lo mais de perto, é sinal que Deus te quer salvo; mas só te quer salvo pelo caminho que te indica e escolhe. Se queres salvar-te seguindo o caminho que tu mesmo te escolhes, corres grande perigo de o não obteres. Pois, ficando no século ou a ele voltando, quando Deus te quer religioso, não receberás de Deus aqueles auxílios eficazes que te havia preparado em sua casa, e sem os quais não te salvarás. Oves meae vocem meam audiunt (2) — “As minhas ovelhas ouvem a minha voz”. Quem não quer obedecer à voz de Deus, dá sinal de que não é ovelha de Jesus, mas será condenado com os bodes no vale de Josafá. Senhor, Vós tivestes para comigo este excesso de bondade, de escolher-me de entre tantos outros, para me colocar entre os vossos servos prediletos e fazer-me morar na vossa casa. Conheço quanto esta graça é grande, e quanto eu dela era indigno. Eis-me aqui: quero corresponder a tamanho amor, quero obedecer-Vos. Já que Vós fostes tão generoso para comigo, chamando-me, quando eu não Vos procurava, e além disso Vos era tão ingrato, não permitais que eu venha a cair nesta outra ingratidão suprema, de deixar-Vos, a Vós que por meu amor derramastes o vosso sangue e destes a vida, para novamente me entregar ao mundo, meu inimigo, que no passado tantas vezes me tem feito perder a vossa graça e a minha eterna salvação. Pois que me chamastes, dai-me a força para obedecer. Já prometi obedecer-Vos, e de novo vo-Lo prometo; mas se Vós não me concedeis a graça da perseverança, não Vos posso ser fiel. A Vós peço esta perseverança, quero-a e espero-a pelos vossos merecimentos. — Dai-me a coragem de vencer as paixões da carne, com que o demônio quer que eu Vos atraiçoe. Amo-Vos, meu Jesus, e me consagro todo a Vós. Já sou vosso e vosso quero ser para sempre. — Maria, Mãe e esperança minha, Vós sois a Mãe da perseverança, que só com a vossa intercessão é concedida; vós ma haveis de alcançar; em vós confio.

  • Terça-Feira - 03 de Março - Quanto é doce a morte do justo

    A morte do Justo e a morte do Pecado rIustorum animae in manu Dei sunt, et non tanget illos tormentum mortis – “As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte” (Sb 3, 1) Sumário. É assim: os tormentos, que na morte afligem os pecadores, não afligem os santos, porque já antes desse tempo deixaram pelo afeto os bens terrestres, consideraram as honras como fumo e vaidade e viveram desapegados dos parentes, amando-os só em Deus. D’outra parte, que felicidade morrer entregando-se nos braços de Jesus Cristo, que quis sofrer uma morte tão amarga, a fim de nos obter uma morte doce e cheia de consolação! Irmão meu, se na primeira noite a morte te colhesse, qual seria a tua morte, a do justo ou a do pecador?I. É assim: os tormentos que na morte afligem os pecadores, não afligem os santos: Non tanget illos tormentum mortis ― “Não os tocará o tormento da morte”. Os santos não se abalam com esse Proficiscere, anima ― “Parte, ó alma”, que tanto assusta os mundanos. Os santos não se afligem com o terem de deixar os bens da terra, porque nunca lhes tiveram o coração ligado. Deus é o Senhor do meu coração, diziam eles sempre, a minha porção é Deus para sempre ― Deus cordis mei et pars mea Deus in aeternum (1). Sois felizes, escrevia o Apóstolo a seus discípulos que pela causa de Jesus Cristo tinham sido despojados de seus bens, sois felizes, porque suportastes com alegria a rapina dos vossos bens, sabendo que tender um cabedal melhor e permanente: Cognoscentes vos habere meliorem et manentem substantiam (2). Os santos não se afligem por deixarem as honras, porque desde muito as desprezaram e tiveram na conta do que efetivamente são, fumo e vaidade. Só estimaram a honra de amarem a Deus e de serem por Ele amados. Nem se afligem por deixarem os parentes, porque só os amaram em Deus; morrendo, recomendam-nos ao Pai celeste que os ama mais do que eles o podiam, e como esperam salvar-se, pensam que o melhor lhes poderão valer na pátria celestial do que ficando na terra. Em suma, o que disseram durante toda a vida: Deus meus et omnia ― “Meu Deus e meu tudo”, repetem-no com mais consolação e ternura no momento da morte.Quem morre no amor de Deus não se inquieta com as dores que acompanham a morte; antes, nelas se compraz pensando que a vida vai acabar e que depois não lhe resta mais tempo para sofrer por Deus e testemunhar-Lhe outras provas do seu amor. Por isso, oferece-Lhe com afeto e paz estes últimos restos da sua vida e consola-se unindo o sacrifício da sua morte ao sacrifício que Jesus Cristo ofereceu um dia por ele na cruz ao seu eterno Pai. E assim morre feliz, dizendo: In pace in idipsum dormiam et requiescam (3) ― “Em paz dormirei nele e repousarei”. Oh! que felicidade morrer entregando-se e repousando nos braços de Jesus Cristo, que nos amou até à morte e quis sofrer uma morte tão dolorosa, a fim de nos obter uma morte doce e cheia de consolação!― Meu irmão, quais seriam os teus sentimentos se tivesses de morrer neste instante?II. Ó meu amado Jesus, que para me obter uma morte suave, quisestes sofrer uma morte tão cruel no Calvário, quando é que Vos verei? A primeira vez que Vos terei de ver, ver-Vos-ei como meu Juiz no próprio lugar em que expire. Que Vos direi então? Que me direis? Não quero esperar até então para pensar nisso; quero meditá-lo agora. Dir-Vos-ei: Meu caro Redentor, sois Vós aquele que morreu por mim? Houve um tempo em que Vos ofendi; fui ingrato para convosco e não merecia perdão; mas, ajudado pela vossa graça, entrei em mim mesmo, e no resto da vida chorei os meus pecados, e Vós me haveis perdoado. Perdoai-me agora novamente, que estou a vossos pés, e dai-me a absolvição geral das minhas faltas. Não merecia mais amar-Vos tendo desprezado o vosso amor; mas pela vossa misericórdia me tendes atraído o coração, o qual, se Vos não amou segundo o vosso mérito, amou-Vos pelo menos sobre todas as coisas, deixando tudo para Vos agradar. Que me dizeis agora? Verdade é que gozar o paraíso e possuir-Vos no vosso reino é uma felicidade grande demais para mim. Não tenho, porém, coragem de viver longe de Vós, mormente agora, que me deixastes ver o vosso amável e belo rosto. Peço-Vos, pois, o paraíso, não para ter mais gozo, mas para melhor Vos amar.Mandai-me para o purgatório todo o tempo que Vos aprouver. Manchado, como ainda estou, não quero entrar nessa pátria de pureza e ver-me entre essas almas puras. Mandai-me ao purgatório, mas não me expulseis para sempre da vossa presença. Basta-me que no dia que Vos aprouver, me chameis ao paraíso para nele cantar eternamente as vossas misericórdias. Por ora, ó meu amado Juiz, levantai a mão, abençoai-me e dizei-me que sou vosso e que Vós sois e sereis sempre meu. Eu sempre Vos amarei, e Vós sempre também me amareis. Agora vou para longe de Vós, vou para o fogo; mas vou contente, porque vou para Vos amar, meu Redentor, meu Deus, meu tudo. Vou contente, sim; mas sabei que, enquanto estiver longe de Vós, a minha maior pena será esse apartamento. Vou, Senhor, contar os instantes que decorrerão até que me chameis. Tende piedade de uma alma que Vos ama com todas as suas forças e deseja ver-Vos para melhor Vos amar. É assim, Jesus meu, que espero então falar-Vos. Peço- Vos entretanto que me deis a graça de viver de modo que possa dizer-Vos então o que agora pensei. Dai-me a santa perseverança, dai-me o vosso amor. Fazei-o pelo amor a Maria Sa de Maria Santíssima.

  • Segunda-Feira – 02 de Março – Bem- aventurado o que não quer outra coisa senão a Deus

    Beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum coelorum – “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5, 3) Sumário. Persuadamo-nos bem de que só Deus pode contentar-nos; mas não contenta senão àqueles que são pobres de espírito, isso é, de desejos terrestres, e nada querem fora dele. Se, portanto, nós também queremos achar a verdadeira felicidade, desfaçamo-nos de todo o afeto à terra, entreguemo-nos a Deus sem reserva e digamos frequentes vezes: Senhor, disponde de mim, e de tudo que é meu, segundo o vosso agrado; eu não quero senão o que Vós quereis. I. Pelos pobres de espírito entendem-se aqueles que são pobres de desejos terrestres e nada querem fora de Deus. Estes são pobres nos desejos, mas não na realidade, porque desde a presente vida vivem contentes. Por isso o Senhor não diz: Deles será, mas: deles é o reino dos céus: Ipsorum est regnum coelorum; porquanto já nesta terra são ricos em bens espirituais que de Deus recebem. Apesar de pobres em bens temporais, vivem contentes em seu estado, em contraste com os ricos em desejos terrestres, que na vida presente sempre são pobres e vivem descontentes, por grandes que sejam as suas riquezas. ― Jesus Cristo, como diz o Apóstolo (1), quis ser pobre, para com o seu exemplo nos ensinar o desprezo dos bens terrestres e desta forma nos tornar ricos em bens celestes, que são imensamente mais preciosos e de duração eterna. Eis porque declara que, quem não renuncia a tudo quanto possui na terra com certo apego, não pode ser seu verdadeiro discípulo (2). Persuadamo-nos de que só Deus faz contentes, mas não faz plenamente contentes senão aquelas almas que o amam de todo o coração. Que lugar pode o amor de Deus achar num coração cheio de coisas terrestres? Muitas almas se queixam de que na meditação, na comunhão, nos outros exercícios de devoção não acham a Deus. Santa Teresa lhes diz: Desprende o teu coração das criaturas e acharás Deus. Desfaçamo-nos, portanto, de todo o afeto terrestre e especialmente da vontade própria; demos a Deus toda a nossa vontade sem reserva e digamos-Lhe: Senhor, disponde de mim e de tudo que é meu, segundo o vosso agrado. Não quero senão o que Vós quereis, e sei que não quereis senão o que é melhor para mim. Fazei que eu Vos ame sempre e nada mais desejo. II. O único meio para nos desprendermos das criaturas é a aquisição de um grande amor a Deus. Em quanto o amor divino não ficar sendo senhor de toda a nossa vontade, nunca chegaremos a ser santos. O meio, pois, para adquirirmos esse amor divino predominante é a santa oração. Roguemos, portanto, sempre a Deus que nos dê o seu amor e assim nos veremos desprendidos de todas as coisas criadas. ― O amor divino é um roubador que santamente nos tira todos os afetos terrestres. Como não há força capaz de resistir à morte, assim tampouco há impedimento, por insuperável que se nos afigure, que possa resistir ao amor divino. O amor vence tudo. Pelo seu amor a Deus os santos mártires venceram os tormentos mais atrozes e a morte mais dolorosa. Por outro lado, se uma alma não chega a dar-se toda a Deus, acha-se sempre em perigo de abandoná-lo e perder-se; como, ao contrário, quem deveras se deu todo a Deus, pode estar certo de que não mais o abandonará, porque o Senhor é liberal e fiel para com o que se Lhe dá sem reserva. Donde vem que algumas pessoas, que de primeiro levavam vida santa, vieram depois a cair tão profundamente, que deixaram bem pouca esperança acerca de sua salvação? Donde vem isso? Vem, respondo, de que não se tinham dado inteiramente a Deus; a sua própria queda é o sinal certo disso. Meu Deus e meu verdadeiro amador: não permitais que minha alma, criada para Vos amar, ame qualquer coisa senão a Vós e não seja toda vossa, visto que me resgatastes com o vosso sangue. Ah, Jesus meu, como será possível que depois de ter conhecido o vosso amor para comigo, eu ame alguma coisa fora de Vós? Peço-Vos, que me queirais atrair sempre mais ao íntimo do vosso Coração. Fazei com que me esqueça de tudo, a fim de não buscar nem desejar senão o vosso amor. Jesus meu, em Vós confio. ― Ó Maria, Mãe de Deus, em vós pus as minhas esperanças. Desprendei-me de tudo que não seja Deus, para que Ele seja o único objeto de todo o meu amor e de minha felicidade eterna.

  • Aconteceu nesta sexta-feira (28/02) a formação da Forania do Descobrimento sobre a CF 2020

    Com o Tema "Fraternidade e vida: Dom e Compromisso" e o Lema "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele". Aconteceu na última sexta-feira do mês de fevereiro, dia 28, na paróquia São Sebastião, logo após a santa missa, a Formação Forania do Descobrimento sobre a Campanha da Fraternidade 2020, com o Tema "Fraternidade e vida: Dom e Compromisso" e o Lema "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele". A formação foi ministrada por Jacilda, Fernando e Isabela. Equipe de animação de campanhas e uma família à serviço da Evangelização encaminhada a forania pela nossa Diocese de Eunápolis. Estiveram presentes representantes, religiosas e padres de várias comunidades da nossa forania do Descobrimento. Jacilda inciou sua apresentação falando sobre o texto da campanha e da beleza que o mesmo possui, pois foi utilizado o texto base da Parábola do Samaritano. Frisou também os objetivos principais da CF: Sensibilização, conversão e Tradução. tempo da Sensibilização para iniciar os processos, conversão do coração que faz sentir com a própria dor do outro e o Despertar da Comunidade traduzindo os bons sentimentos em ações individuais e comunitárias. Falou também sobre o cartaz da CF, que trás a representação da Santa Dulce dos Pobres pelas ruas de Salvador-BA, enfatizou que a vida de Santa Dulce foi a própria representação da Parábola do Samaritano. Ela teve vários enfrentamentos em sua vida para atender os anseios que pulsavam em seu coração, o de ajudar o próximo, de servir ao próximo. Mostrou também, os elementos que compõe o cartaz, demostrando alguns "lugares vazios" que devem ser "ocupados " por todos nós em nossas comunidades. Palavras e testemunhos de vida marcaram esta apresentação. Isabela, filha de Jacilda nos apresentou seu testemunho e falou sobre o grande mal do nosso século, a depressão e as doenças emocionais em especial na população jovem. "As vezes, infelizmente nós achamos que o sentido da nossa vida são nossas mães, nossos pais, quando na verdade o nosso sentido da vida é Deus" enfatizou. Isabela continuou: "Já tive dois amigos, pessoas próximas a mim que tentaram o suicídio. Um infelizmente veio a falecer. Tudo porque, o sentido da vida dessa pessoa era a mãe, não foi Deus." Pessoas jovens, próximas a nós, podem estar sofrendo e estão do nosso lado e nós não enxergamos com os "olhos de Deus". "Eu já tive depressão e olha a base da minha família: que linda. Imaginem só o meu colega que não tem uma base". "Graças a Deus, minha família tem vivência de igreja e graças a Igreja que eu me curei, fui participar de grupo de jovens. Vamos parar de viver no automático. vamos escutar o outro, vamos desacelerar e repensar nossos valores e princípios e prestar mais atenção ao nosso amigo, colega, irmão de pastoral. O sentido de nossa vida é Deus. Se Tropeçou, levante. Errar é natural e o importante é não desistir e permanecer de pé no processo" finalizou. A paróquia São Sebastião agradece profundamente a todos os presentes, em especial a esta família que tanto acrescentou no melhor conhecimento da Campanha da Fraternidade. Que Santa Dulce dos Pobres interceda por vocês junto a Jesus. Nosso Muito Obrigado. Assista os vídeos da formação na íntegra aqui: I parte: II Parte: Galeria de Fotos aqui Acesse o conteúdo da Formação aqui:

  • 1º Domingo da Quaresma - 01 de Março -Jesus no deserto e as tentações das almas escolhidas

    Iesus ductus est in desertum a spiritu, ut tentaretur a diabolo – “Jesus foi levado pelo espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mt4,1) Sumário. Meu irmão, se o Senhor permite que sejas tentado, não desanimes, porquanto vê nisso um sinal de que Ele te ama e te quer fazer mais semelhante a Jesus Cristo, que, como refere o Evangelho de hoje, foi também tentado. Esforça-te, porém, a exemplo do próprio Redentor, por empregar todos os meios para seres vencedor. Especialmente refreia as tuas pequenas paixões desordenadas, mortificando-as pela penitência e recorre sempre a Deus pela oração contínua. I. Os trabalhos que mais afligem nesta vida às almas amantes de Deus, não são tanto a pobreza, a enfermidade e as perseguições, como as tentações e as securas espirituais. Quando a alma goza da amorosa presença de Deus, todas as tribulações, em vez de a afligirem, mais a consolam, fornecendo-lhe a ocasião para oferecer a Deus algum penhor de seu amor. Mas ver-se pela tentação em perigo de perder a graça divina e temer na secura que já a perdeu, é isso uma pena demasiado amarga para quem ama deveras a Deus. — Observemos, porém que é esta a sorte comum das almas santas: Quia acceptus eras Deo, necesse fuit, ut tentatio probaret te (1) — “Porque eras aceito de Deus, por isso foi necessário que a tentação te provasse”. Quem foi mais santo do que Jesus Cristo? Todavia ele foi levado pelo espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. Em primeiro lugar, foi tentado de gula, porque “tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, teve fome. E chegando-se a Ele o tentador, disse: Se és Filho de Deus, dize que estas pedras se convertam em pães.” Depois foi tentado de presunção, porque “o diabo o transportou à cidade santa e O pôs sobre o pináculo do templo e Lhe disse: Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, porque está escrito: Recomendou-te aos seus anjos, e eles te levarão nas palmas das mãos, a fim de que nem sequer tropeces numa pedra.” Finalmente foi tentado de idolatria; porque o diabo, vendo- se vencido uma outra vez, “o transportou ainda a um monte muito alto, e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e Lhe disse: Todas estas coisas te darei, se prostrado me adorares.” Uma alma, pois, por se ver tentada, não deve ainda temer como se já tivesse caído no desagrado de Deus, que a quer tornar mais semelhante a seu Filho unigênito e dar-lhe ocasião para adquirir grandes méritos para o céu. Quoties vincimus, toties coronamur — “Cada vitória é uma nova coroa”, diz São Bernardo. II. Os meios de que nos devemos servir para vencer as tentações são os mesmos que nosso divino Redentor nos ensina com o seu exemplo no Evangelho de hoje. — Cum ieiunasset quadraginta diebus – Jesus jejuou quarenta dias. Para vencermos todas as tentações, e em particular a dos sentidos, é mister que nós também, especialmente neste tempo de Quaresma, mortifiquemos a carne pelo jejum, pela penitência, e pelo recolhimento, e que ao mesmo tempo avigoremos o espírito com meditações e orações, porque não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Non tentabis Dominum Deum tuum — “Não tentarás ao Senhor teu Deus”. Para vencermos as tentações, devemos em segundo lugar evitar as ocasiões de pecado. Aqueles que se expõem voluntariamente aos perigos e não pretendem cair, tentam Deus para fazer milagres. A custódia dos anjos, diz São Bernardo, é prometida a quem caminha nos caminhos de Deus, viis suis, e não àquele que se expõe voluntariamente ao perigo de cair num abismo. — Vade, Satana – “Vai-te, Satanás”. Finalmente o terceiro meio para sairmos vencedores, consiste em expulsarmos o demônio inteiramente de nossa alma e em estarmos resolvidos a adorar a Deus nosso Senhor, e servi-Lo a Ele só. Ó! Quantos há que não cuidam em refrear as suas paixões nascentes e que imaginam poder servir a dois senhores. Mas depois, ao primeiro assalto mais forte de qualquer tentação, acabam por cair e perder-se eternamente! Ó meu amabilíssimo Jesus, vejo que no passado caí e recaí tão miseravelmente, porque me descuidei de imitar os vossos divinos exemplos. Arrependo-me de todo o coração; peço-Vos perdão e prometo que para o futuro serei mais cuidadoso. Mas fortalecei a minha fraqueza. Eu Vo-lo peço pela mortificação que praticastes, abstendo-Vos por quarenta dias de toda a alimentação, e pela humildade que mostrastes, permitindo ao demônio que Vos tentasse como a qualquer outro filho de Adão. “Ó Deus, que purificais a vossa Igreja com a anual abstinência quaresmal: concedei à vossa família, que com boas obras execute o que de Vós deseja obter com a sua abstinência.” † Doce Coração de Maria, sêde minha salvação.

  • Sábado - 29 de Fevereiro –Primeira dor de Maria Santíssima – Profecia de Simeão

    Tuam ipsius animam pertransibit gladius – “Uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2, 35) Sumário. O Senhor usa esta compaixão conosco, de não nos deixar ver as cruzes que nos esperam, a fim de que as tenhamos de sofrer uma só vez. Maria Santíssima, ao contrário, depois da profecia de São Simeão, tinha sempre diante dos olhos e padecia continuamente todas as penas que a esperavam na Paixão do Filho. Mas se Jesus e Maria inocentes tanto padeceram por nosso amor, como ousaremos lamentar-nos, nós que somos pecadores, quando temos de padecer um pouco por amor deles? I. Neste vale de lágrimas, cada homem nasce para chorar e cada um deve padecer sofrendo aqueles males que diariamente lhe acontecem. Mas quanto mais triste seria a vida, se cada um soubesse também os males futuros que o têm de afligir! O Senhor usa esta compaixão conosco, de não nos deixar ver as cruzes que nos esperam, a fim de que, se as temos de padecer, ao menos as padeçamos uma só vez. ― Mas Deus não usou semelhante compaixão para com Maria, a qual, porque Deus quis que fosse Rainha das dores e toda semelhante ao Filho, teve sempre de ver diante dos olhos e de padecer continuamente todas as penas que a esperavam; e estas foram as penas da paixão e morte de seu amado Jesus. Eis que no templo de Jerusalém, Simeão, depois de ter recebido o divino Infante em seus braços, lhe prediz que aquele seu Filho devia ser alvo de todas as contradições e perseguições dos homens e que por isso a espada de dor devia traspassar-lhe a alma: Et tuam ipsius animam pertransibit gladius. ― Davi, no meio de todas as suas delícias e grandezas reais, quando ouviu que o Profeta Natan lhe anunciava a morte do filho, não tinha mais paz: chorava, jejuava, dormia à terra nua. Não é assim que fez Maria. Com suma paz recebeu ela a nova da morte do Filho e com a mesma paz continuou a sofrê-la; mas ainda assim, que dor não devia sentir o seu Coração! Nem serviu para lha mitigar o conhecimento que já de antemão tinha do sacrifício a fazer, pois que, como foi revelado a Santa Teresa, a bendita Mãe conheceu então em particular e mais distintamente todas as circunstâncias dos sofrimentos, tanto exteriores como interiores, que haviam de atormentar o seu Jesus na sua Paixão. Numa palavra, a mesma Bem-Aventurada Virgem disse a Santa Matilde, que a este aviso de São Simeão toda a sua alegria se converteu em tristeza. II. A dor de Maria não achou alívio com o correr do tempo; ao contrário, ia sempre aumentando, à medida que Jesus, crescendo em sabedoria, em idade e em graça, junto de Deus e junto dos homens (1), se tornava mais amável aos olhos de sua Mãe, e se avisinhava mais o tempo da sua amargosa Paixão. Eis o que a própria divina Mãe revelou a Santa Brígida: “Cada vez que eu olhava para meu Filho, sentia o meu coração oprimido de nova dor e enchiam-se meus olhos de lágrimas”. Ruperto abade contempla Maria dizendo ao Filho enquanto o alimentava: “Fasciculus myrrhae dilectus meus mihi; inter ubera mea commorabitur (2). Ah, Filho meu, eu te aperto entre meus braços porque muito te amo; mas quanto mais te amo, tanto mais para mim te transformas em ramalhete de mirra e de dor, pensando em tuas penas. Tu és a fortaleza dos Santos, e um dia entrarás em agonia; és a beleza do paraíso, e um dia serás desfigurado; és o Senhor do mundo, mas um dia serás preso como um réu; és o Criador do universo, mas um dia te verei lívido pelas pancadas; numa palavra, tu és o Juiz de todos, a glória dos céus, o Rei dos reis, mas um dia serás sentenciado, desprezado, coroado de espinhos, tratado como rei de escárnio e pregado num infame patíbulo. E eu, que sou tua Mãe, eu, que te amo mais que a mim mesma, terei de ver-te morrer de dor, sem te poder dar o menor alívio: Fasciculus myrrhae dilectus meus mihi ― O meu amado é para mim um ramalhete de mirra”. Se, pois, Jesus, nosso Rei, e Maria, nossa Mãe, bem que inocentes, não recusaram por nosso amor padecer durante toda a sua vida uma pena tão atroz, não é justo que nós nos lamentemos, se padecemos um pouco; nós que porventura muitas vezes temos merecido o inferno.

  • Sexta-Feira – 28 de Fevereiro – Comemoração da Coroa de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo

    Et milites plectentes coronam de spinis, imposuerunt capiti eius – “E os soldados tecendo de espinhos uma coroa, lha puseram sobre a cabeça” (Jo 19, 2) Sumário. Os bárbaros algozes, não contentes com a horrível carnificina feita em Jesus com a flagelação, Lhe põem por escárnio uma coroa de espinhos na cabeça e apertam-na de modo que os espinhos penetraram até ao cérebro. Eis como o Senhor quis reparar a maldição fulminada contra a terra, isto é, contra Adão, em conseqüência da qual a natureza humana não pode produzir senão abrolhos e espinhos de culpas! Eis como Jesus quis expiar os nossos maus pensamentos! Os bárbaros algozes ainda não contentes com a horrenda carnificina feita no corpo sacrossanto de Jesus Cristo com a flagelação, instigados pelos demônios e pelos judeus, querendo tratá-Lo de rei de comédia, Lhe põem aos ombros um farrapo de um vestido vermelho, à guisa de manto real; uma cana verde na mão à guisa de cetro, e na cabeça um feixe de espinhos entrelaçados em forma de coroa. E para que esta coroa não só Lhe servisse de ludibrio, mas também Lhe causasse grande dor, foi feita, na opinião comum dos escritores, em forma de capacete ou chapéu, de sorte que cobria toda a cabeça do Senhor, descia até sobre a testa. Além disso, colhe-se do Evangelho de São Mateus, que os algozes com a mesma cana batiam nos espinhos compridos, a fim de entrarem mais dentro na cabeça. Com efeito, no dizer de São Pedro Damião, chegaram a penetrar até ao cérebro: spinae cerebrum perforantes. Se um só espinho encravado no pé de um leão o faz ressoar toda a floresta com seus dolorosos gemidos, imagina quão acerba deve ter sido a dor de Jesus Cristo que teve toda a sagrada cabeça perfurada, a parte mais sensível do corpo humano, ao qual se reúnem todos os nervos e sensações. Tão atroz tormento não foi para Jesus de curta duração; bem ao contrário, foi o mais longo da sua Paixão, porquanto durou até à sua morte. Visto que os espinhos ficavam encravados na cabeça, todas as vezes que lhe tocavam na coroa ou na cabeça, sempre se lhe renovavam as dores. E o Cordeiro manso deixou-se atormentar à vontade dos algozes, sem proferir uma só palavra. ― Era tão grande a abundância de sangue que corria das feridas, que Lhe cobria o rosto, ensopava os cabelos e a barba, e Lhe enchia os olhos. São Boaventura chega a dizer que não era já o belo rosto de Senhor que se via, mas o rosto de um homem esfolado. Eis aí, exclama o Bem-aventurado Dionísio Cartusiano, como quis ser tratado o Filho de Deus, para obter para nós a coroa de glória no céu. I. Maledicta terra in opere tuo… spinas et tribulos germinabit tibi (1) ― “A terra será maldita na tua obra… ela te produzirá espinhos e abrolhos”. Esta maldição foi lançada por Deus contra Adão e toda a sua descendência; pois que pela terra, não se entende tão somente a terra material, senão também a natureza humana, que estando infectada pelo pecado de Adão, não produz senão espinhos de culpas. ― Para cura desta infecção, diz Tertuliano, foi mister que Jesus Cristo oferecesse a Deus o sacrifício do seu longo tormento da coroação de espinhos. Por isso Santo Agostinho não hesita em dizer que os espinhos não foram senão instrumentos inocentes; mas que os espinhos criminosos, que propriamente atormentaram a cabeça de Jesus Cristo, foram os nossos pecados, e em particular, os nossos maus pensamentos: Spinae quid nisi peccatores? É isso exatamente o que Jesus Cristo mesmo deu a entender, quando apareceu certa vez a Santa Teresa, coroado de espinhos. Quando a Santa Lhe testemunhava a sua compaixão, disse-lhe o Senhor: Ó “Teresa, não te compadeças de mim pelas feridas que me abriram os espinhos dos judeus, mas antes pelas que me causam os pecados dos cristãos” ― Ó minha alma, tu também atormentaste então a cabeça de teu Redentor com o teu frequente consentimento no pecado. Por piedade! Abre ao menos agora os olhos, vê e chora amargamente o grande mal que fizeste. Ah, meu Jesus, Vós não tínheis merecido ser tratado por mim como Vos tenho tratado. Reconheço a minha ingratidão; arrependo-me de todo o meu coração. Peço-Vos que não somente me perdoeis, mas que me deis tão grande dor, que durante a minha vida toda continue a chorar as injúrias que Vos fiz. Sim, Jesus meu, perdoai-me, visto que Vos quero amar sempre e sobre todas as coisas. “E Vós, ó Eterno Pai, concedei-me que, venerando na terra, em memória da Paixão de Jesus Cristo, a sua coroa de espinhos, mereça ser um dia por Ele coroado no céu com uma coroa de glória e honra” (2). Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo e de Maria, sua Mãe.

  • Via Sacra da Comunidade São Sebastião

    Prezados Irmãos, A Paróquia São Sebastião convida a toda a comunidade para participar da Via Sacra que acontecerá todas as Quartas e Sextas-Feiras as 06h da manhã durante toda o tempo Quaresmal.

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