top of page

A alegria que vem do mistério da Cruz

Foto: Pascom São Sebastião
Foto: Pascom São Sebastião

A Diocese de Eunápolis viveu uma alegria inefável nestes últimos seis meses de preparação para a Celebração do jubileu dos 525 anos da Primeira Missa no Brasil. Inicialmente, foi graças a visita da réplica da cruz que percorreu todas as paroquias da Diocese e teve o seu ponto alto com a chegada da “Cruz Original” que veio diretamente do museu de Braga - Portugal, graças a iniciativa do Pe. Omar Raposo, que coordenou a missão “Brasil com fé”, trazendo esse tão significativo símbolo da fé cristã no dia 26 de abril, exatamente no dia da grande comemoração do Jubileu dos 525 anos da Primeira Missa no solo brasileiro, no dia 26 de abril de 1500. 


1.      A cruz de Cristo, fonte e origem da verdadeira alegria


O símbolo singelo e repleto de significado da “Cruz Original” da Primeira Missa no Brasil sendo passado de mãos em mãos pelas autoridades eclesiásticas e civis e pela veneração dos fiéis por onde a cruz passava, serviu de atualização do ensinamento da igreja em quem afirma “a cruz de Cristo é fonte e origem da verdadeira alegria”. A cruz tem um grande valor para os cristãos porque ela é a condição essencial para seguir a Jesus e receber a dignidade de se unir com Ele. A sua palavra direciona a vida no sentido da liberdade humana: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16, 24). Numa outra ocasião, o Senhor também disse que quem não toma a sua cruz e o siga, não é digno dele (Mt 10, 38). São Paulo tinha presente que “A palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é poder de Deus” (1 Cor 1,18). O Apóstolo também dizia que a pregação do Cristo crucificado era escândalo para os judeus e era loucura para os gentios (1 Cor 1, 23). A cruz é, portanto, sinal de vida e de salvação, porque o Senhor deu a sua vida para salvar toda a humanidade, passando pela cruz e assim ele chegou à glória da ressurreição. 


São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, nos séculos IV e V dizia que nenhuma pessoa se envergonhe dos sinais sagrados e veneráveis da nossa salvação, da cruz que é o vértice dos bens humanos, pelos quais as pessoas vivem e são aquilo que são. Ele convidava as pessoas a carregarem a cruz de Jesus como uma coroa, porque tudo se consome nela.


A Santa Cruz é um símbolo sempre vivo do amor eterno de Deus para nós pecadores, um símbolo do próprio sacrifício de Cristo, um símbolo de nossa redenção e salvação, um símbolo da vitória de Cristo sobre a morte e Satanás. Pela veneração da Santa Cruz, nós honramos o sacrifício, paixão e morte de Cristo. Sempre que nos persignamos com o sinal da Cruz, nós professamos a nossa fé em nosso Salvador. A cruz é um símbolo central do cristianismo, representando a crucificação de Jesus Cristo e, consequentemente, a redenção e a esperança de vida eterna. Eis porque é portadora da verdadeira alegria.


2.      A cruz como sinal de amor e compromisso para o homem de hoje


A Cruz Original da Primeira Missa no Brasil é um símbolo profundamente significativo, carregado de história, fé e espiritualidade. Espiritualmente, essa cruz é um símbolo de conexão com Deus, de proteção e de missão. Ela inspira os fiéis a viverem com fé, esperança e amor, lembrando sempre do compromisso de seguir os ensinamentos de Jesus e de levar sua mensagem de paz e solidariedade. Em João 3,16, lemos: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Essa passagem revela que a cruz é o símbolo do amor incondicional de Deus, que se entregou por nós. Jesus, ao carregar a cruz, demonstrou seu compromisso de salvar a humanidade, oferecendo-se como exemplo de amor sacrificial.


Santo Agostinho, refletindo sobre o significado da cruz, por exemplo, via na cruz a vitória do amor de Cristo sobre o pecado e a morte. Para ele, a cruz é o símbolo da esperança e da redenção, um convite para que cada cristão assuma seu compromisso de seguir Jesus, mesmo nos momentos difíceis.


H. U. Von Baltasar, na obra “Teologia dos três dias”, apresenta que toda a vida de Jesus deve ser compreendida como um caminho orientado para a cruz. Toda a vida de Cristo, tal qual também deve ser a nossa, foi uma existência para a morte, com uma dimensão transcendental, apresentado como servo destinado à morte por livre decisão. Baltasar deixa claro que a cruz é colocada definitiva e irrevogavelmente antes de toda a glória, “porque não há exaltado que não tenha sido crucificado”. E a glória de Jesus só se entende corretamente ali, onde se entende como a glória do crucificado, glória que se manifesta na ressurreição. Daí surge a afirmação teológica de que, a partir da cruz elevada, Cristo atrairá todos para ele.


Baltasar também enfatiza que a cruz é um convite ao homem de hoje a reconhecer o amor de Deus e a responder com fé e compromisso. Ela nos chama a uma relação de entrega e confiança, mostrando que o verdadeiro amor exige sacrifício e entrega total. Assim, a cruz se torna um sinal de esperança e de renovação, lembrando-nos de que o amor de Deus é maior do que qualquer sofrimento ou dificuldade.


Nos tempos mais recentes, os papas têm reforçado essa mensagem. São João Paulo II falou muitas vezes sobre a cruz como sinal de esperança e de compromisso com a vida e a dignidade humana. Ele destacou que, ao carregar a cruz, somos chamados a assumir nossas próprias dificuldades com fé e amor, seguindo o exemplo de Cristo. O Papa Francisco reforça essa ideia, lembrando que a cruz não é apenas um símbolo de sofrimento, mas de amor que transforma. Para ele, cada um de nós é chamado a carregar sua cruz com coragem e esperança, comprometendo-se a viver conforme os ensinamentos de Jesus, promovendo a paz, a justiça e o amor ao próximo.  


3.      A alegria que vem do mistério da cruz de Jesus


A alegria que transbordou os corações de todos os presentes na manhã deste sábado (26/4/25) com a chegada da “Cruz original” e a tarde na praça do Cruzeiro em Coroa Vermelha com a celebração da missa Pontifical dos 525 anos da Primeira Missa não pode ser outra, senão a “alegria que surge do mistério da ressurreição”. Vivendo a oitava da Páscoa, ponto mais elevado da fé cristã, neste ano em que a Igreja Universal vive o Jubileu dos 2025 anos da Encarnação do Verbo, com o tema Peregrinos de Esperança, somos firmemente convictos de que foi pelo designo divino que o Pai, manifestado na obra redentora Filho e unido ao Espírito Santo que governa a Igreja, quis renovar e reacender o impulso missionário em todos os participantes deste grande acontecimento: o Jubileu Eucarístico.  


A Carta dos Hebreus 12,2 afirma: "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus." Aqui, o autor de Hebreus destaca que Jesus suportou a cruz por causa do gozo que lhe foi prometido, ou seja, a salvação da humanidade e a vitória definitiva sobre o pecado. Na mesma direção, o apóstolo Paulo fala sobre a alegria cristã em suas cartas. Porém, para ele, essa alegria não depende das circunstâncias externas, como riquezas ou sucesso, mas é uma alegria profunda que vem do relacionamento com Deus e a certeza da salvação em Jesus Cristo. Paulo nos ensina que essa alegria é uma expressão da esperança e da fé, mesmo em meio às dificuldades da vida. Para o apóstolo, a alegria cristã é uma consequência natural de uma vida vivida conforme os ensinamentos de Jesus, cultivando amor, paz e esperança no coração.


O Papa João Paulo II, em sua encíclica Redemptor Hominis, afirma que a cruz é o sinal do amor que salva e que, ao contemplar o mistério da cruz, os fiéis encontram força e alegria para enfrentar as dificuldades da vida, pois sabem que Cristo venceu o pecado e a morte (Jo 16,33). O Papa Francisco reforça essa ideia, enfatizando que a alegria cristã é uma marca do verdadeiro seguidor de Jesus. Para ele, essa alegria não é superficial. A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. E a quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”. (EG 1).


Com isso, podemos dizer que a presença da Cruz original da Primeira Missa e dos Bispos do Regional Nordeste 3, unidas ao nosso clero diocesano nesta Solene Celebração do Jubileu Eucarístico dos 525 anos, veio nos renovar o ardor missionário no compromisso com a Evangelização dos povos das diversas raças e culturas, de modo especial os originários, afrodescendentes e quilombolas. E, fomos também revigorados para assumirmos o protagonismo da cultura da paz, da justiça e do amor, tão querida e assumida por Jesus e continuada pelo saudoso Papa Francisco. Fomos motivados a fazer ecoar “o anúncio do Evangelho” nos diversos lugares do mundo, e a sermos uma igreja em saída. O Papa Francisco também destaca que essa alegria deve ser compartilhada com os outros, especialmente com os mais necessitados, promovendo uma sociedade mais justa e fraterna. A Cruz Original da Primeira Missa no Brasil é muito mais do que um objeto histórico, cultural e religioso; ela é um símbolo vivo da fé que atravessa gerações, unindo o passado, o presente e o futuro na caminhada cristã do povo brasileiro.  

 

Pe. Adelício Lopes Santos

Paróquia São Sebastião


 
 
 

Comments


Commenting on this post isn't available anymore. Contact the site owner for more info.
WhatsApp-icone.png
Paróquia São Sebastião  -  Diocese de Eunápolis - BA 
Rua São Sebastião, 416,  Pequi,  Porto Seguro – Bahia

Tel:  |        (73)  99914-4192

 

CONECTE-SE

© 2019 - 2024  Criado  por Pascom - Pastoral da Comunicação |   Paróquia São Sebastião  - Porto Seguro- BA 

E-mails:  paroquiassebastiaops@gmail.com  /   pascom.saosebastiaops@gmail.com

bottom of page