Quando se aproximou de Betfagé e Betânia, perto do monte chamado das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos, dizendo: ‘Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada, encontrareis um jumentinho amarrado, no qual ninguém nunca montou. Desamarrai-o e trazei-o aqui’. Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: ‘Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, está escondido aos teus olhos!’ Quando chegou perto da descida do Monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos, aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinham visto. Todos exclamavam: ‘Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor!’” (Lc 19,28-30.41-42.37-38) De propósito, fazemos, agora, uma leitura de textos dessa forma, para envolver-nos no contraste encontrado por Jesus ao entrar na cidade de Jerusalém, quando justamente este Evangelista organiza de forma muito adequada a viagem de Jesus a caminho de Jerusalém (Cf. Lc 17,11).
A cidade de Jerusalém tem uma vocação de santidade! Por ocasião da recente visita ao Reino de Marrocos, Sua Santidade Papa Francisco e Sua Majestade o Rei Mohammed VI, reconhecendo a singularidade e sacralidade de Jerusalém e tendo a peito o seu significado espiritual e a sua vocação peculiar de Cidade da Paz, compartilharam o apelo seguinte: “Consideramos importante preservar a Cidade Santa de Jerusalém, patrimônio comum da humanidade e, sobretudo, para os fiéis das três religiões monoteístas, como lugar de encontro e símbolo de convivência pacífica, na qual se cultivam o respeito mútuo e o diálogo. Com essa finalidade, devem ser mantidos e fomentados o caráter específico multirreligioso, a dimensão espiritual e a identidade cultural peculiar de Jerusalém. Em consequência, almejamos que sejam garantidos, na Cidade Santa, a plena liberdade de acesso aos fiéis das três religiões monoteístas e o direito de cada uma exercer o seu próprio culto, de modo que se eleve por parte dos seus fiéis, em Jerusalém, oração a Deus, Criador de todos, por um futuro de paz e fraternidade sobre a terra”.
Clamamos por Jesus
Outro olhar nos leva a identificar as pessoas que aqui vivem e labutam. A cada dia, aos bispos, a quem cabe uma visão ampla e vigilante das situações, segundo a etimologia da palavra, não passa desapercebido que aqui, no mistério da cidade, o que o Apóstolo São Pedro identificou: “Sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa. Vós sois aqueles que antes não eram povo, agora, porém, são povo de Deus; os que não eram objeto de misericórdia, agora, porém, alcançaram misericórdia” (1 Pd 2,9-10). Nossas cidades são habitadas por muita gente boa, trabalhadora, esforçada e santa! E são muito mais numerosas estas pessoas do que aquelas que se deixam envolver pela maldade! Sobre esta cidade podemos cantar, com um hino da liturgia: “Vejo a multidão em vestes brancas, caminhando alegre, jubilosa, é a aclamação de todo o povo que Jesus é seu Senhor. Também estaremos nós, um dia, assim regenerados pelo amor! Nesta esperança viveremos, somos a família dos cristãos, nossa lei é sempre o amor! Povo que caminha rumo à pátria, a nova cidadela dos cristãos, passos firmes, muita fé nos olhos, muito amor carrega, são irmãos, nossa lei é sempre o amor” (Cf. Missa Nova Jerusalém – Padre José Cândido da Silva).
Queremos acolher Jesus, no mistério da cidade, como a população magnífica e contraditória de Jerusalém. Somos chamados a misturar as lágrimas do choro com aquelas que nascem da emoção pela chegada do Senhor. Nenhuma rua e nenhum recanto de cada coração se oponha à entrada gloriosa de Jesus. Todos são chamados a repetir, elevando os ramos de sua fé: “Bendito o que vem em nome do Senhor!”.
Dom Alberto Taveira Corrêa
Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA
Fonte: cancaonova.com
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